
Conheça a “torre” de livros da cabeceira de uma advogada.
Ana Branco é advogada e vive em Madrid. Fala do livros que habitam a sua cabeceira e de como os livros a marcam.

Quais os livros que habitam a tua cabeceira?
Na minha mesa de cabeceira, tenho vários livros. Não devo ser uma leitora normal, porque, salvo alguma exceção, nunca tive só um livro na mesa de cabeceira e sempre gostei de ir lendo dois ou três distintos. No momento estou a ler “Misión Olvido”, da María Dueñas, “The president is missing”, de Bill Clinton e James Patterson e “Del derecho y del revés”, de uma advogada de Málaga, María Jesús Montero Gandía (cujas receitas revertem integralmente a favor de uma associação sem ânimo de lucro
“Atenpace”).
A reler aos bocadinhos ou em fila de espera, tenho “Guerra y Paz” do Tolstói, numa edição espanhola, “Mis recetas anticáncer”, da Dra. Odile Fernández, “Como escrever tudo em português correto”, de Sara de Almeida Leite e “Gente que viene y bah” de Laura Norton.
Livros que leste e que amaste, e que aconselhas, porquê? Como os escolheste? Gostei muito de “El tiempo entre costuras” da María Dueñas que li por indicação de uma amiga, quando me mudei para Madrid. É um romance histórico, mas que nos ensina muito sobre coragem e perseverança. Entretanto, li o “Adultério” do Paulo Coelho que também me surpreendeu embora se recomendasse um livro dele seria “O Demónio e a Srta. Prym”, que acho que vale muito a pena. Depois o meu “lado lunar”, teve curiosidade para ler autores que não escreviam para as massas, considerados “subversivos” no seu tempo e algo atrevidos na linguagem como alguns poemas do Allen Ginsberg ou “Fragmentos de un cuaderno manchado de vino” de Charles Bukowski.
Mas o livro mais especial que li recentemente foi o “Martin Eden” do Jack London. Este livro foi especial por vários motivos, mas principalmente pelo que me fez sentir enquanto acompanhava o percurso daquele marinheiro aspirante a escritor, e porque voltou a despertar em mim a compulsão pela leitura. Ver o mundo através dos seus olhos fez-me refletir sobre muitas coisas: as desigualdades e os estereótipos sociais, a luta e o esforço dos escritores até alcançarem o seu sonho, os editores, o amor (será que amamos as pessoas como elas são ou amamos a imagem que temos delas?) e o sentido que dá à vida. O problema é que depois deste livro tive dificuldade em encontrar outro que me entusiasmasse da mesma maneira porque a forma como o Jack London escreve nos “engancha” do princípio ao fim da história.
Outro livro que adorei e recomendo é “The Partner” do John Grisham porque é original, brilhante e surpreendente.
E, como na minha leitura tem de haver sempre algo de poesia, vou recomendar algo contemporâneo de uma autora valenciana que ando a ler “a fogo lento”: “100 disparos que te recordarán porque estás vivo”, de Mamen Monsoriu. Gosto especialmente de um excerto de um poema dela: “(…) He apretado los puños por no soltar las lágrimas. Y he cerrado los ojos por no ver las estrellas. Porque tengo tantos deseos, Tan diferentes, Tan contrarios, que de querer cumplirlos se volverían locas”.
Recomendo estes livros porque valem a pena pelo que nos fazem sentir e pensar. Saint-Exupéry dizia no “O Principezinho” que “aqueles que passam por nós deixam um pouco de si e levam um pouco de nós”, e eu acho que os livros também. Gosto muito do “pouco de si” que os livros deixam em mim.
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