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Uma Poeta Viva fala sobre o ritmo da sua canção

No Dia Europeu da Música convidámos Joana Aires Pereira partilha a música que canta no seu coração. A música inspira a palavra, pinta a vida e cultiva acordes que criam memórias.

Dia Europeu da Música. 21 de Junho.

Data estrategicamente escolhida por marcar o dia tradicional do solstício de verão, permitindo aos músicos sair para a rua e atuar em praças e parques. Para muitos a música é uma parte essencial da vida. Sózinho ou acompanhado: ouvir, cantar ou tocar, faz parte do seu dia a dia. 

Falar de música

Falar de música, para mim, é falar de palavras. É enaltecer o poder da palavra escrita. É dar valor à letra da música, ao poema que a compõe. Letra é poesia. Música é letra. Portanto, música é poesia. Assim, este Dia da Música é também: dia da poesia e da nossa língua; dia da escrita e do cantor; dia das artes criativas e culturais. Música é cultura. Música é inspiração. 

«A poesia entra na nossa vida com a música, por onde entra também a palavra», disse Raquel Marinho, na passada sessão do Clube dos Poetas Vivos, em conversa com a Teresa Coutinho, sobre o tema “Letrista é Poeta”. 

A música da vida

músicas que viveram ao nosso lado, que nos formaram, ajudando-nos e ensinando-nos a descobrir e a construir quem hoje somos. A música caminha de mãos dadas connosco, ao longo da vida. Há letras de canções que nos lembram pessoas, outras recordam lugares, outras ainda trazem à memória tempos marcantes, minutos vividos intensamente. Todos temos uma música especial, um cantor especial, uma letra significativa. As músicas e as suas letras, marcam as nossas décadas, onde deixámos as nossas pegadas. Olhamos para trás e lá estão: as notas e os acordes a vibrar ritmo nos corpos, nos passos de dança. Há letras que ainda hoje nos acompanham, no lado A. Outras ficaram no lado B, o lado de lá. Dessas: metade gostamos de relembrar, outra metade preferimos não tocar. 

A cultura da música

Apetece-me perguntar: o que é que antes de ser cantado já o era? E respondo: a palavra. Antes de ser iluminada pelo acorde, já existia. Muda. Mas viva! A Música é uma espécie de musa das palavras. Música é para os ouvidos mas também para os olhos. Música não é só melodia, são palavras escritas. Sem palavras, arranjos, metáforas e ritmos não há canção, não há música, não há fechar os olhos e ouvir. Bem sei, dirão alguns: há música sem letras, música só com acordes, estudados ou improvisados. Mas, música para mim integra palavras. Quando ouço a palavra música, vejo palavras escritas, sinto letras, trauteio ritmos e rimas, saboreio metáforas, articulando a língua portuguesa ou espanhola, inglesa ou brasileira, francesa ou italiana.

A música relaxa ou distrai. É soporífero num SPA e excitante numa discoteca. Calma para ler, escrever ou trabalhar ou animada para dançarmos divertidos num concerto. Faz companhia na condução, no exercício físico ou numa viajem. Pode significar alegria e paixão, enroladas num abraço.

Música é cultura. Palavra e poesia são cultura. Música é poesia. Música é escrever letras, que são poemas para os ouvidos e para a vida. Música, somos nós.

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