Entrevistas ao Leitor

Uma gratidão olímpica

Susana Feitor natural de Alcobertas, Rio Maior, é uma grande marchadora portuguesa. Falou com o Desculpas para Ler, onde nos falou sobre o seu percurso como atleta bem como a presença da leitura na sua vida. Diz que é uma fraca leitora, mas, de facto, não achamos. Visto que os livros técnicos têm um papel relevante no seu dia à dia e sabe muito bem o que gosta de ler. E, na verdade, isso é um dos passos mais importantes nesta descoberta. Estamos gratos por este testemunho, como nos sentimos gratos por todas as alegrias que Susana Feitor trouxe aos Portugueses e a Portugal.

Foi a primeira atleta a medalhar numa grande prova internacional de marcha atlética por Portugal, tendo conquistado a medalha de bronze tanto nos Mundiais de Helsínquia (2005) como nos Europeus de Budapeste (1998). Participou por 5 vezes nos Jogos Olímpicos e foi presidente da Comissão de Atletas Olímpicos entre 2002 e 2005. Foi a recordista nacional dos 20 km marcha durante 7 anos.

– Sempre quis ser atleta?

Desde que me lembro sempre gostei de desporto. Até ir aos Jogos Olímpicos o que queria mesmo era ser médica ou fisioterapeuta. Ser atleta como acabei por ser não tinha noção, se bem que á medida que as épocas foram passando esse objetivo tornou-se evidente e um querer muito grande. Assim que passei a sénior optei por ser quase em exclusivo.

– Como foi a sensação de ganhar a primeira medalha?

Tinha apenas 15 anos quando fui campeã do mundo de juniores, ao que fui não tinha bem noção e a minha espontaneidade junto com a minha capacidade de adaptação valeram disfrutar com muita alegria aquela conquista. Foi tudo muito rápido e surpreendente. O que fez com que quisesse repetir resultados de pódio nos campeonatos seguintes. Não só porque é bom ganhar e as sensações são boas, como queria disfrutar mais e partilhar com toda a gente. Senti-me muito grata pelo que me foi acontecendo.

– E a participação nos jogos olímpicos, como foi? Passam por várias fases certo… o apuramento, a convivência, o dia de prova…

Sim, são várias fases e cada uma traz emoções diferentes. Nunca tive grande stress ou ansiedade nas fases de qualificação, foi sempre mais intensa a fase final de preparação, o querer estar ao melhor nível possível e quando assim é, o ânimo e a pica toma conta de nós, mas infelizmente mais vezes tive problemas de lesões que era preciso resolver, que um foco exclusivo na competição e sua preparação.

Os Jogos em si são de facto a competição mais especial e espectacular do mundo, pela envolvência nacional e mundial, pela atenção de todos e pela organização em si ao envolver várias modalidades. É o evento multidesportivo mais espectacular que qualquer atleta vive e deseja estar.

– Tem algum ritual antes de entrar em prova?

Não. Procuro ter momentos de foco e concentração. Gosto de ouvir música sempre que possível. Gosto muito do que envolve a preparação da prova. Não só a parte técnica mas também a logística, como o equipamento ou a preparação do abastecimento, por exemplo.

Como vê este período de pandemia, em que a sedentarização está mais presente?

Não sei se a sedentarização esteve mais presente, pois há uma certa inquietude instalada pelas redes sociais que estimulou atividades físicas em casa sem sair á rua. Na verdade só um inquérito pode ajudar a responder se houve ou não actividade física, mas ficou bem patente que não há desculpas para não se fazer. E isso a meu ver é positivo. O que a pandemia veio trazer a mais foram os estados psicológicos de depressão ou de desespero pela impossibilidade de andar na rua, de viajar ou praticar exercício na rua. 

A que se dedica nos dias de hoje?

Licenciei-me em Gestão das Organizações Desportivas mas não estou a exercer. Neste momento, estou como treinadora de marcha, em fase final de terminar o curso de grau I de treino de Atletismo. Faço palestras motivacionais e de partilha de experiências do desporto para o mundo do trabalho. Sou formadora do Comité Olímpico internacional para ajudar os atletas na transição de carreira.

Mas nada disto me dá um salário que valha para ser sustentável e por outro lado não me sinto ainda com rumo profissional definido. Por isso apesar de ser licenciada, não tenho nada garantido na área e estou em fase de encontrar algo que me cative para além da gestão de desporto. Tenho feito formações complementares na área do treino e do exercício, ainda procuro o meu lugar, mas preciso apenas de uma atividade que goste, preciso também que me dê um salário.

– Tem algum livro que a tenha marcado? Costuma ler? 

Último livro que li e gostei: “Casei com um Masai” de Corinne Hofman.

Tenho vários que gostei muito. Mas sou uma fraca leitora, tenho fases de leitura com muitas de pouca leitura. Não tenho autores favoritos e descarto de imediato histórias de ficção científica ou do fantástico. 

Chego a ser uma leitora compulsiva mas muitas vezes, como agora, em que não estou a ler nada que não seja técnico como a fisiologia do exercício, anatomia do movimento, coisas assim.

Mas gosto de ler biografias, histórias verídicas (não necessariamente histórico) mas com enredos com suspense que não tenha um desenvolvimento óbvio. Também gosto de ler em inglês ou espanhol para treinar a língua.

– Livros de cabeceira, caso tenha?

Neste momento, não.

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