ADN do autor,  Crianças, dedo no ar!

Sophia, vista pelos olhos de uma criança

Sophia. O nome.

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) foi uma das personalidades mais importantes da cultura e história de Portugal e os seus livros foram tão importantes que ainda hoje os lemos. Como diz a minha mãe, “as histórias fazem-nos sonhar e para sonhar a idade não tem importância”.

Sophia nasceu a dia 6 de novembro de 1919, no Porto. Como o nome completo era difícil de pronunciar ficou conhecida só por Sophia. Uma palavra que naquele tempo se escrevia com ph porque tem origem grega e em grego, Sophia quer dizer sabedoria e muita gente diz que esse nome sempre foi perfeito para alguém como ela.

A infância de Sophia

Outro dia, vi um documentário na televisão com a minha mãe sobre esta escritora e poeta e percebi que as obras de Sophia são muito influenciadas pelo local onde cresceu e pela sua infância. Foi uma pessoa com uma grande imaginação e as histórias que inventava eram a sua grande companhia. Hoje, são a nossa.

Sophia cresceu no Porto numa grande casa no meio de uma enorme quinta onde havia muitas árvores diferentes pomares e jardins com belas roseiras e camélias que floriam em novembro. A quinta ficava num lugar chamado Campo Alegre e hoje, transformou-se no Jardim Botânico do Porto que podemos visitar.

A mãe de Sophia passava muito tempo a ler e a filha adorava ouvir os poemas e as histórias que ela e as criadas lhe contavam. Achava que os poemas existiam por si, mal sabia escrever e ler e era tão curiosa, sonhadora, imaginativa e observadora, que escrevia uns desenhos de umas letras inventadas.

Durante as férias de verão, Sophia ia com toda a família para Granja, uma praia que fica perto do Porto e onde há casas muito bonitas construídas há mais de cem anos.

Foi nesse tempo que a mãe lhe contou a história de uma menina muito pequenina que vivia nos rochedos da praia, uma história que Sophia chamou A Menina do Mar. Esse livro fala-nos sobre uma amizade entre uma menina do mar e um rapaz e da saudade, “a saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora”.  Sophia adorava o mar e toda a sua riqueza com animais e vegetação.

Os livros e as histórias

Sophia tornou-se numa menina bonita e elegante. Estudou no Colégio de Nossa Senhora do Rosário no Porto e depois veio para a Faculdade de Letras de Lisboa, onde começou o curso de Clássicas na universidade mas não terminou.

Escreveu poesia e publicou o seu primeiro livro de poemas com o título Poesia aos 25 anos de idade.

Casou em 1946 com Francisco Sousa Tavares, advogado e político, com quem teve cinco filhos: Maria, Miguel, Isabel, Sofia e Xavier e viviam em Lisboa.

Os filhos inspiraram-na a inventar histórias para lhes contar. Alguns dos livros destinados às crianças tais como A Menina do Mar, A Fada Oriana, A Noite de Natal, O cavaleiro da Dinamarca, A floresta, A árvore e O rapaz de bronze, este último estou a ler com a minha mãe a pedido da professora de português e tive de fazer uma apresentação, uma espécie de dicionário com imagens das várias flores, plantas, árvores e animais, para me ajudar a perceber melhor a história. 

Dizem que tinha uma imaginação tão rica, que muitas vezes se esquecia que estava com os filhos e distraía-se nas suas histórias.

Mulher de valor

Sophia continuou a escrever histórias, mas também poemas e contos para adultos. Para ela, o mais importante era que as pessoas soubessem ser justas e distinguissem o bem e o mal, por isso tentou, lutou e combateu contra a injustiça e maldade. No livro, A Fada Oriana, Sophia fala na necessidade de proteger os mais necessitados. 

Também lutou pela liberdade em Portugal e ficou contente quando passámos a viver em democracia a partir de 1974. Mesmo com esta mudança, nunca deixou de ficar incomodada com a injustiça.

Sophia sempre foi cristã, admirava a vida de Jesus Cristo e nos valores que nos ensinou: o amor, a força para sermos solidários e ajudarmos o outro. Esta preocupação também se lê nos seus livros sobre o Natal.

Sophia de Mello Breyner Andresen faleceu, aos 84 anos, no dia 2 de Julho de 2004, em Lisboa. Em julho 2014, a Assembleia da República homenageou Sophia que foi sepultada no Panteão nacional.  

O que aprendi com a Sophia e os seus livros

  • Aprendi que é bom estar junto do mar, faz-nos bem e há tanta coisa para descobrir. Gosto de passear na praia com os meus pais e observar as conchas e búzios.
  • Aprendi a importância da amizade com a história da menina do mar, que é a que conheço melhor e que vi várias espectáculos.
  • Aprendi que não é mau ser diferente. Na menina do mar o rapaz e a menina querem conhecer o mundo um do outro e aceitam um ao outro.
  • Aprendi que posso fazer histórias com tanta coisa… Sophia tinha uma imaginação incrível.
  • Aprendi que devemos ser justos e defendermos quem é mais fraco.
  • Aprendi a importância de viajar para poder ter mais imaginação para as histórias e para conhecer melhor as coisas e o mundo.
  • A importância de ser solidário.
  • Aprendi que é bom ouvir histórias e contá-las e ouvir historias sobre a infância dos meus pais e dos meus avós. Gosto de estar com a minha família.

Descobre mais sobre a autora.

Escrito por Marita, 10 anos, outubro 2019.

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