Eu sou Democracia
No Dia Internacional da Democracia visitámos a Ana em Bruxelas. Trabalha na Comissão Europeia, onde acredita que faz parte de um puzzle maior, no qual contribui para a construção de um sonho. Reflecte a energia e força das palavras na sua missão, que extravaza as 4 paredes da Comissão e o país que a abraçou ou que abraçou. É uma mulher de mundo. Tudo faz sentido até quando falamos de leituras. Deixa a pergunta: actualmente, como se define o ato de ler?
- Quem é a Ana? O que faz na comissão europeia? O que significa trabalhar na Comissão Europeia?
«Olá, sou a Ana, Mãe de 3 Marias e vivo em Bruxelas!» Esta é a frase com que normalmente me apresento quando quero dar um passo em frente com o meu projecto das Matinés Pensantes, um movimento de cidadania para repensarmos Portugal fora de portas. A criar raízes em Bruxelas há 25 anos e a trabalhar na Comissão Europeia há quase 16 anos. Qualquer uma destas decisões partiu de desafios feitos na base do salto no escuro; porque a Vida assim me pediu e porque eu aceitei, de braços abertos. Trabalhar numa das Instituições Europeias é acreditar que, de alguma forma, posso ser uma das peçinhas deste grande puzzle que é a Europa, com todas as suas idiossincrasias inerentes a um grande sonho.
- O que é para si a democracia?
Como diz Pepe Mujica, ”a democracia é uma filosofia de Vida”.
- Como se podia aumentar a literacia em Portugal?
Uma das formas de aumentarmos a literacia em Portugal passa certamente, e numa primeira fase, por baixar o custo dos livros. Uma outra ideia que me é particularmente cara seria voltarmos à velha fórmula da tertúlias, espaços ideias para a troca de ideias e que despertam em cada um de nós a curiosidade que só os livros podem saciar.
- Qual o papel que o digital representa na literacia?
Esta era do digital revolucionou todas as ideias pré-existentes da forma como encaramos o problema da literacia! Através do Twitter, do Instagram e do Facebook (a trilogia do tempo perdido) somos bombardeados dia e noite com um sem número de informação em jeito de mensagens curtas, mas directas e straight to the point. O desafio que nos é colocado actualmente é como desafiar e/ou fidelizar os destinatários destas mensagens. A “volatilidade” desta informação é assustadora e as diferentes narrativas de uma mesma história são uma arma perigosa e infelizmente poderosíssima.
- A leitura está presente no seu dia-a-dia?
Obviamente! Mas o que vale mesmo a pena repensar é: o que é hoje em dia o acto de ler?
- Tem algum livro que a tenha marcado?
Como «Água para o Chocolate», de Laura Esquível! Uma escolha pouco ortodoxa, bem sei. À medida que ia passando as páginas do livro fui percebendo como as palavras nos podem levar até mares nunca dantes navegados. Este livro leva-nos até um Mundo onde os cheiros, os sabores e as emoções se entrelaçam de forma estupidamente subtil. Um hino à reinvenção diária do acto de amar!
- Qual o seu livro de vida?
O incontornável «O Principezinho», de Antoine Saint- Exupéry. Os anos passam, mas esta minha escolha mantém-se. Em nota de rodapé e só mesmo pela graça: é invariavelmente o meu presente preferido para celebrar a Vida de qualquer recém-nascido. Tenho várias versões deste livro, sendo a mais espectacular uma edição em formato pop up.
- Tem livros de cabeceira?
Livros, não. Um livro de cada vez para ler, reler, assimilar e ficar a pensar. Actualmente, a acompanhar os meus finais de dia: «Cartas a um jovem poeta» de Rainer Maria Rilke. Um daqueles livros que nos interpela e não nos pode deixar indiferentes.
- Já aderiu aos audiobooks? Ebooks?
Gosto muito do cheiro a papel e do barulho do folhear das páginas para aderir aos audiobooks ou Ebooks. Ainda que seja a primeira a reconhecer o lado prático dos mesmos, principalmente quando estamos a viajar. Felizmente que a actual pandemia fez com que adiássemos esta decisão tão pouco desejada.
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