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Papa Livros – O que andamos a ler em Maio 2020?

#14#2020#livros de Maio

«Chuva Miúda», Luis Landero

«Chuva Miúda», Luis Landero

Comecei a ler este livro e só mais tarde, percebi que na capa incluíram uma declaração de Manuel Vilas, a apreciar o romance como excepcional. Refiro isto, pois li o livro «Em tudo havia beleza» de Vilas e fiquei rendida à melancolia do seu relato de afecto e de saudade pelos seus pais.

A importância da primeira página

Landero prende-nos desde a primeira página. Aqui está a importância da primeira frase. Ficamos rendidos e identificamo-nos: «(…) as histórias não são inocentes (…). Há algo nas palavras que, só por si, implica um risco, uma ameaça, e não é verdade que o vento as leve tão facilmente como dizem. Não é verdade. (…)» E, com esta primeira página, seguimos para uma história de família maioritariamente contada através do discurso directo. As personagens cruzam-se nos diálogos, partilhando confidências, memórias de uma vida passada de sofrimento, falta de afecto, saudade e regressamos a vários momentos no tempo, com a segurança de quem domina o ritmo, a linguagem e a narrativa.

Cada personagem é conhecida através do outro e provamos mais uma vez, algo elementar e até óbvio, que a forma como nos vemos, muitas vezes, é dissonante como os outros nos vêem.

Uma boa história sobre uma família, as suas memórias, os seus segredos e rancores, através de um domínio sublime da narrativa e da caracterização das personagens através do uso inteligente do discurso directo.https://www.wook.pt/livro/chuva-miuda-luis-landero/23707371?a_aid=5e8f8ddf73b81

A argúcia, a subtileza, a sensibilidade prende-nos e a tornamo-nos confidentes de todas a s personagens desta família. Constatamos «o assombro de ter vivido tanto tempo com alguém que talvez mal conheça.» E, é assim que percebemos que a dinâmica familiar é feita de silêncios que deixam sempre «o eco de uma acusação, um episódio trivial, embora ambíguo, ou estranhamente revelador, sugerindo, cada vez com maior desenfado, e sempre sob a protecção e o álibi da sinceridade (…).»

Suspicaz, minudências, pulcra, languidesciam, cotejar, ímprobas foram algumas das palavras que aprendi e recordei.

É um romance sobre a família, sobre os segredos, sobre as memórias carregadas de rancor, de interpretações múltipla, da capacidade de efabulação de todas as personagens e da vida tal como ela é.

#15#2020#livrosdeMaio

«Gramática do Medo», Maria Manuel Viana e Patrícia Reis

#16#2020#livrosdeMaio

A Voz da Contracapa falou sobre este livro. Reveja aqui:

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